Nasci com alma de gata! Adoro o meu cantinho.
Meu afeto é de graça, não faço nada pra ganhar audiência.
Às vezes quero mesmo ficar na minha e, não, não aconteceu nada.
Amo a noite e a lua.
Sou curiosa demais, por isso, muitas vezes bato o focinho em portas e corações fechados.
Acredito que espreguiçar é uma arte.
O barulho me incomoda;
A boa música me encanta.
Amo aqueles que me respeitam; respeito aqueles que amo.
Adoro uma baguncinha.
Quando o carinho é bom, fecho os olhos pra aproveitar.
Quando a companhia é boa; abro o coração pra acompanhar.
Tenho mesmo alma de gato; minha liberdade é um valioso bem.
Tenho sete vidas, com certeza.
E, com certeza, já gastei algumas.
E, aprendi ... A andar devagar, a relaxar diante de quem confio e a entender que quando a alma arrepia pode ser por prazer, mas pode ser por estar em perigo também.
Ainda estou aprendendo a distinguir os dois.
Ana Macarini (Poemas&Versos)
Os gatos, diferentes dos humanos (diga-se de passagem), são criaturas majestosas, capazes de se doar por completo. Pressentem o amor e o perigo com a mesma intensidade. São recíprocos no respeito que recebem e aproveitam o carinho e a leveza.
Esse poema da Ana Macarini define por si só o que é, ou deveria ser certo. Quantos de nós estamos bem com quem realmente somos, quem de nós aproveita o tempo para uma boa música, um passeio, uma boa companhia ou o silêncio da solitude? Quantos de nós apreciamos a liberdade de ser verdadeiros com quem somos?