“É um grande significado porque traz uma outra forma de entendimento para o não indígena, de reconhecer também, entre aspas, ‘qual é o lugar do indígena hoje?’. [...] Tudo isso traz também o valor e as raízes dessa ancestralidade, exatamente tudo que nessa visão do brasileiro não tem hoje, de um diálogo e uma educação”, afirmou Juliana.O Brasil tem 1,7 milhão de pessoas indígenas, o que representa 0,83% da população total do país. É o que mostram os dados mais recentes do Censo Demográfico 2022 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2023. Destes, cerca de 30,4 mil vivem no Paraná.
O professor de história da América Latina da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), de Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, Clovis Antonio Brighenti, explicou que a data surgiu nos anos 1940 em um congresso de antropólogos latino-americanos no México.
Para o professor, a criação da data e o uso dela no Brasil, até os anos 1980, tinham o olhar ocidental de associar datas comemorativas ao consumo ou mesmo de lembrar das causas apenas em dias específicos.
“Na década de 80, aqui no Brasil, com a ação do movimento indígena e de organizações indigenistas, começaram a questionar essa data, não a data em si, mas o estabelecimento de um dia para comemorar o ‘dia do índio", relembrou o professor.
"Propuseram não se restringir a um dia, mas a uma semana. E também a mudança no nome, primeiro reconhecendo que não são índios, termo equivocado, porque são povos", afirmou o professor.
Ele alerta, no entanto, que a data não pode servir apenas como celebração, mas que deve ser vista sobretudo, como um período contínuo de ações que insiram os indígenas nos debates diários como protagonistas da própria história.
Fonte:https://g1.globo.com/pr/oeste-sudoeste/noticia/2024/04/19/dia-dos-povos-indigenas-entenda-por-que-dia-do-indio-e-considerado-pejorativo.ghtml