Os anos 90 foram uma época mágica. Era um tempo em que a felicidade cabia no bolso, na forma de um brinquedo simples ou uma coleção de latinhas. Eu, que já passei dos trinta, ainda guardo com carinho as lembranças dessas pequenas alegrias.
Começava com os Tazos. Ah, os Tazos! Aqueles discos de plástico que vinham no pacote de salgadinho e faziam a alegria da galera no recreio. Cada um tinha sua técnica especial, um jeito único de arremessar que, na cabeça de um moleque, garantia a vitória. A gente trocava, competia, e se sentia dono do mundo com uma mochila cheia deles.
E tinha os álbuns de figurinhas da Copa. Meu Deus, a emoção de abrir um pacote e encontrar aquela figurinha brilhante que faltava! Era quase uma experiência religiosa. A troca de figurinhas no intervalo era um evento social, uma verdadeira feira de negócios.
A febre dos Tamagotchis também marcou presença. Aqueles bichinhos virtuais, que exigiam atenção o tempo todo, ensinaram a uma geração o que era responsabilidade – ou pelo menos tentaram. Eu, particularmente, nunca consegui manter o meu vivo por muito tempo, mas a diversão estava na tentativa.
Pokémon Cards? Nem se fala. A gente trocava, jogava, e se sentia um verdadeiro treinador. Cada carta era um tesouro, e a busca pelo Charizard holográfico era quase uma missão de vida.
Os bonecos de ação – G.I. Joe, Power Rangers, Batman – transformavam qualquer quintal em campo de batalha. A imaginação não tinha limites e as tardes eram longas aventuras.
E quem não se lembra das Barbies? As meninas criavam mundos inteiros, com roupas e acessórios que mudavam de acordo com a brincadeira do dia. Eu tinha uma prima que era a rainha das Barbies, e eu admirava sua dedicação.
Os Beyblades vieram mais pro fim da década, mas chegaram com tudo. Aqueles piões modernos, com partes personalizáveis, transformavam qualquer chão liso em arena de batalha. A gente se reunia pra ver quem tinha o Beyblade mais forte.
E claro, tinha o Kinder Ovo, que vinha com aqueles brinquedinhos colecionáveis. O chocolate era só uma desculpa para a verdadeira alegria, que era descobrir qual miniatura vinha dentro. Ah, o cheirinho das miniaturas!
Os Cavaleiros do Zodíaco também merecem menção. Cada boneco era um herói, e as batalhas recriadas na sala de casa eram épicas. A gente vibrava com cada golpe, cada armadura.
E não posso esquecer das latinhas. Sim, latinhas de refrigerante. Colecionar aquelas edições especiais era uma febre. Cada estampa nova, cada campanha promocional, era motivo de euforia. Tinha latinha de tudo quanto era tipo, de marcas e temas variados, e cada uma tinha seu lugar especial na prateleira.
Era um tempo em que ser feliz era simples. A gente não precisava de muita coisa – um brinquedo, um amigo, uma tarde livre. E essas coleções, essas pequenas obsessões, faziam parte da construção da nossa identidade. Olhando pra trás, vejo que, em meio a tanta simplicidade, havia uma riqueza imensa. E é essa riqueza que levo comigo, guardada na memória, como um tesouro dos anos 90.